terça-feira, junho 19, 2007

segunda-feira
E aí num belo dia eu olhei pra dentro e você tinha ido embora. Simples assim, tão repentinamente e sem motivo quanto veio. Como planta que morreu porque se esqueceram de regar, veio a diarista e jogou no lixo.
E eu nem sofri, nem senti sua falta, nem fiquei me perguntando porque, nem gastei tempo analisando o que fiz de errado. Não doeu, simples assim. E eu posso tirar seu orkut dos meus favoritos, suas fotos das minhas pastas, seu nome da minha vista. Eu posso te apagar dos meus sonhos. E pensando bem, acho que já apaguei.

sexta-feira
Eu acho mesmo é que você é um câncer. Desses que a gente trata, opera, faz quimioterapia, perde cabelo, faz festa porque foi embora e tá curado de vez. E num dia como qualquer outro a gente tem um daqueles sintomas já conhecidos, daqueles inconfundíveis. Faz uns exames e descobre que ele tá de volta. O câncer, o incurável maldito.
Às vezes sinto que é bem isso que você é. Porque quando eu me livro e crio em mim uma certeza aparentemente inabalável de que você realmente foi embora e eu realmente te tirei da cabeça, vem uma coisa idiota como essa e eu sinto todos os sintomas da sua volta. Por uma razão minúscula e irrelevante, por um caso seu que nem me diz respeito, que nem te torna mais interessante (pelo contrário), por uma coisa pequena demais pra ter um efeito assim, justo agora. Justo agora que eu encontrei outros interesses e possibilidades, outro affair tão mais promissor e simples, outro bem querer tão mais doce que você. Justo agora que eu podia encher meu coração de margaridas, tão simples, tão fáceis de cuidar, fartas, abundantes... E vem você, de volta você, tão orquídea, planta carnívora, selvagem, parasita, sei lá. Veio você, raro, difícil, árido, desprovido de açúcar. E eu nem pra bater a porta na sua cara e te mandar de volta pro planeta dos macacos.
Mas agora mora aqui, além de todo o resto, esse seu sorriso maior do mundo.

terça-feira
Hoje eu já não te quero de novo. Leio essas coisas aqui em cima e não entendo, nem consigo me lembrar de ter sentido tanta coisa por você. Talvez eu nunca tenha sentido, talvez eu só seja muito boa em fazer poesia, em tornar todas as coisas em poesia, por mais desimportantes que elas sejam. Poesia você nunca foi.
É tão fácil abandonar as teoria mirabolantes de “escrito nas estrelas” quando se tem algo bom e promissor pela frente, tão mais possível e fácil.
Eu sempre pedi “a sorte de um amor tranqüilo com sabor de fruta mordida” e me contradisse por tanto tempo buscando e correndo atrás de algo tão complicado como você. Quem explica?
Agora chega, pouco eu não quero mais. Até algum dia.