Eu sei que qualquer menina seria melhor que eu em alguns aspectos. Eu sei que qualquer menina valorizaria mais, em determinados momentos, a sua dedicação e a questão que você faz de me priorizar, de estar sempre comigo, de me apresentar pra todo mundo e me levar em todo e qualquer evento, de me incluir na família. Eu sei que qualquer menina compartilharia tudo de bom grado, te contaria cada detalhe do dia e te daria todas as possíveis satisfações e informações mesmo que você não pedisse. Eu sei que qualquer menina largaria turma, amigas, programas e afins, eu sei que qualquer menina andaria na linha e com rédea bem curta, e portanto corresponderia tão melhor que eu ao que você espera. E não daria nem um passo sem a sua presença, e não faria questão de conservar antigos laços, e faria da sua turma a única turma, dos seus amigos os únicos amigos, dos seus planos os únicos planos. Eu sei que qualquer menina se adaptaria e se moldaria a você como uma roupa feita sob medida, sem reclamações e ressalvas, achando um bom danado o fato de ter um namorado tão dedicado e tão disposto, reconhecendo o privilégio de ter alguém que quer estar junto o tempo todo.
O problema é que eu não sou qualquer menina. Eu não sou moça de família, eu não preciso da aprovação dos pais e familiares, eu não tenho hora pra chegar em casa, determinados dias pra sair, regras e limites. O meu pai não me liga pra saber onde eu estou. Ele está a mais de mil quilômetros de distância e ele raramente sabe onde eu estou. E a minha mãe... dela eu não preciso falar, você já sabe. O fato é que eu não tenho e mal me lembro de um dia ter tido alguém pra me mandar, pra me dizer onde ir, o que fazer, como agir. Eu sempre devi satisfações a uma única cabeça: a minha. E se por um lado é um milagre que eu tenha crescido normal e saudável e com consideráveis bom senso e sanidade mental, por outro... eu sei que essa ausência de pai e mãe me tornou uma pessoa bem “desadaptada”a algumas coisas. E foram raras as vezes em que isso foi um problema antes. Ou melhor, foram raras as vezes em que eu não soube lidar com esse problema.
Pouco me importa que os meus pais e avós, primos e tios e familiares te aprovem. Francamente, não cabe a eles aprovar nada. Me importa (muito mais do que importaria a qualquer outra namorada que você tivesse) que a minha irmã e os meus amigos te aprovem. Não todos, mas aquele seleto grupo. Isso porque são eles que eu tenho na vida, eles sim são a minha família. Num grau em que, por ter a sua, você não entenderia. E eu nem espero que entenda. Eu só espero que respeite e saiba que eu não vou abandonar nem vou abrir mão de nada que se relacione a eles (e eu realmente acredito que você não quer isso de mim).
E eu vou entender se por acaso você decidir que não quer uma menina assim. Eu sei que não é simples. Mas se quiser tentar, e se me cabe prometer alguma coisa, eu prometo não te prender e não te limitar, não grudar no seu pé, não cobrar a sua atenção absoluta e nem a sua presença constante. Eu prometo respeitar o seu espaço, o futebol, os programas masculinos. Eu prometo fazer questão que eles aconteçam. Eu prometo não ser moralista ou possessiva, não te pedir senhas, não rasgar suas fotos antigas. Prometo não fazer papel de mãe e prometo até não chorar demais (tá, essa parte eu prometo tentar, pode ser?).
E sem medo de falar demais, eu te prometo fidelidade e lealdade, companheirismo, emails longos e ligações no meio da tarde, até que você se canse das minhas palavras. Eu prometo muita música e muita foto bonita, muitas das minhas criativas declarações. Eu prometo não te traumatizar, não te afastar das pessoas que são importantes pra você, não te ligar oitocentas vezes seguidas, não brigar demais. Prometo que meu coração é bom e sempre vai ser, prometo que você nunca vai ter que ouvir ninguém dizer o contrário (a não ser a minha mãe, talvez... mas nunca o seu amigo mais antigo).
Mas principalmente, eu te prometo não mudar demais, não me anular, não me apagar, não me perder pelo caminho. Nem te anular, nem te apagar, nem te mudar demais, nem te perder pelo caminho. Eu te prometo o respeito. E prometo te dar o melhor de mim, e garanto que esse melhor é muita coisa.
Eu só te peço paciência, eu só te peço que me aceite e tente entender. Os meus silêncios, os meus princípios, as nossas diferenças. E que não me compare e não espere que eu seja como qualquer outra menina, porque isso eu já sei que eu não posso ser.
E pensando bem... você também não é qualquer cara, pra namorar qualquer menina. Né?
Te amo.