terça-feira, dezembro 30, 2008

“Ando tão à flor da pele que qualquer beijo de novela me faz chorar...”



A verdade é que eu não sei lidar com a vulnerabilidade. Com aquela parte, aquele momento exato em que vira-se o disco e você passa de segura, controlada e equilibrada para... absolutamente entregue. Aquela hora em que você olha pra dentro de si e pensa: fudeu.

Eu pensei que era só uma cicatriz, pensei que eu estava curada, que... não ia doer mais. Depois de tanto tempo, depois de 5 anos, longos 5 anos sem sentir aquela insegurança e aquela angústia tão característica... eu pensei que tinha passado. Mas ontem, quando entrei no chuveiro e senti de novo aquele medo e aquela dúvida, eu não tive como não chorar. Porque agora eu já não sei se é real ou não, agora eu nunca sei se devo confiar na minha intuição e pensar “tem alguma coisa errada nessa história” ou se devo me ignorar, enfiar na cabeça que é paranóia minha, e... passar por cima. Pior: será que eu consigo passar por cima?

Era tão bom não sentir. Era tão confortável a minha segurança, a minha auto-suficiência, uma vida de certezas, de preto no branco, de liberdade e praticidade total. Eu não precisava me preocupar com traições, simplesmente porque eu não tinha ninguém pra me trair. Eu não me perguntava se estava sendo enganada, se seria feita de otária, se passaria por aquilo tudo de novo... simplesmente porque não existia ninguém que tivesse esse poder e essa importância, não existiu em todo esse tempo nenhuma pessoa que tivesse o meu coração nas mãos assim... “to fill or burst, to break or bury, or wear as jewerly…” Não existia, portanto, alguém que pudesse quebrá-lo.

Hoje existe. E digo hoje em sentido literal, porque como estamos falando de mim sempre é possível que eu acorde amanhã absolutamente recuperada, controlada, back to business. Mas hoje, hoje existe alguém aqui dentro, fazendo an unbelievable mess inside of me, e eu cheguei àquele ponto em que não dá mais pra ficar indiferente, pra ignorar. Aquela fase do “não me importa com quem você se deite, que você se deleite seja com quem for” já ficou no passado. E eu, que tinha tanta certeza que o tempo tinha curado essa ferida, eu que pensei que o trauma tinha ficado lá, enterrado naquela história infantil de 5 anos atrás, entro no chuveiro sentindo aquela mesma dor, a ferida aberta como se tivesse sido ontem. E choro a perda daquela minha força e daquele meu controle inabaláveis, choro a fraqueza adquirida, que me sufoca tanto e me faz tão pequena, tão ordinária, tão incapaz. Tão dependente e fraca quanto aquelas mulherzinhas que eu tanto discriminei.

A verdade é que eu não sei lidar com a vulnerabilidade.

ps: mas ela sempre falou de mim tão melhor que eu:

Aprendi a amar sob o signo do efêmero, avisada de que a qualquer momento podia me flagrar vivendo de mentira ou despencando de uma torre muito alta que a mim não pertencia. Alfabetizei o peito e os olhos para acolher o adeus a qualquer momento e por qualquer motivo, em muitas línguas, de muitas formas, mesmo sussurrado em ausência e silêncio. Eduquei os braços para o regresso do vazio e os pés para dar meia volta e seguir noutra direção, como se o amor fosse frágil, perecível, volátil, fugidio, como se eu nunca fosse capaz de fazê-lo vingar, ou não merecesse permanência, mais que uma miragem, um presságio, um trailer. Peço perdão se não sei mergulhar no que para mim sempre foi um poço raso demais. Para isso é preciso mais que certezas. Para isso é preciso fé.

Patricia Antoniete (e aqui também)

quinta-feira, dezembro 18, 2008

Blindness

contém spoilers

Ontem não era um bom dia. A chuva fina e fria, o cabelo sujo, os pés inchados, a blusa branca que eu sujei na hora do almoço e não podia ir pra casa trocar, a consulta médica, os remédios, o passeio forçado pelo centro e pelo escritório do plano de saúde... e aí a constatação da minha solidão crônica, o medo, o desamparo, a dúvida... tanta coisa conspirando e contribuindo pra um vazio no meu peito, uma coisa que a Ticcia uma vez chamou de “infelicidade branca e leve que não mostra os dentes, essa que veste o dia de um plástico transparente e lambe os nossos rostos sem que percebamos” , e eu achei tão apropriado.


E aí eu entrei com a minha mãe naquele cinema antigo e pequeno do centro, e fui, só ontem, depois de tanto tempo, assistir Ensaio sobre a Cegueira.
E desde então tudo que eu faço é tentar entender o que aquele filme fez comigo. Queria explicar, nem que fosse só pra mim, a profundidade da dor que eu senti, a intensidade do meu tremor e dos meus soluços dentro do cinema, a minha incapacidade de me levantar daquela poltrona e fugir, quando a minha vontade e a minha necessidade eram simplesmente sair dali, pra não ver mais, pra parar de doer. E doía tanto, tão fundo, toda a dor do mundo, toda a dor da humanidade, como se eu estivesse cega também, ou como se só eu enxergasse e o resto do mundo estivesse ruindo e apodrecendo à minha frente, e só eu pudesse ver. E o mundo real virou irreal, e a ficção veio pra vida, a dor da tela tornou-se minha. Quando as mulheres saíram de sua ala pra se oferecer em troca de comida pra todo o grupo, eu tampava a boca pro meu choro não fazer barulho demais, e tampava os olhos pra não ver mais. Mas ouvia, e sentia a dor delas, e me encolhia na cadeira como se as mãos dos homens bárbaros apalpassem e batessem em mim também, como se os gritos e ofensas fossem também pra mim.


De todas as crises que tive com cenas de estupro ao longo da vida (e considerando-se que eu me recuso a assisti-las), com certeza nada foi tão forte quanto isso. O estupro consciente, por estado de necessidade, a prostituição famélica. A maior dor do mundo. Eu tampava meus olhos com toda a força e nem assim podia deixar de ver, eu soluçava alto e nem por isso podia deixar de ouvir. E nada disso é metafórico.


Eu ainda não sei como assisti até o fim. Sei, sei sim. Eu não consegui levantar da poltrona, eu não consegui fugir dali. Foi por isso, só por isso que eu fiquei até o final. E fui até me acostumando com a dor, me firmando, me recompondo aos poucos.... e até vivi com eles a esperança do final. Um sopro de alívio, leve.

Mas aquela dor ainda está aqui. Eu sei que está, eu sei e sinto, o dia todo, que ela veio comigo pra vida real, pra fora do Cine Luz, pra dentro da minha bolsa, pra debaixo das minhas roupas. Eu hoje acordei triste e calada, sozinha, sozinha, sozinha. A única a enxergar no meio dos cegos, a única a doer em silêncio enquanto o mundo... segue em frente. E ninguém entenderia, e nem eu entenderia, e... pra quê explicar?

“Oh sim, eu estou tão cansada...”

quarta-feira, dezembro 17, 2008

Lonelily


Existe algo alheio a mim e às minhas vontades e medos, existe alguma coisa que sei lá, deve estar no ar, “na nossa energia”, “no movimento cósmico”, que independe do que eu faça ou como faça. Algo que segura e me impede de me envolver, de dar o passo. Qualquer passo.

Às vezes nem é você. Nem é o que você disse, ou deixou de dizer, mas é a combinação entre a pergunta e a resposta. Melhor, é a completa discordância entre o que eu esperava ouvir e o que você efetivamente diz.

É sempre no momento em que eu dou algum passo na sua direção, em que eu te digo ou te faço alguma coisa, calculada e cuidadosamente, geralmente alguma coisa tão menor do que as suas demonstrações de afeto e demarcação de território, que tudo dá errado. É justo quando eu fecho os olhos e dou um passo, por menor que ele seja, que você se esquiva, (mesmo que sem querer), que você se mostra, (sempre sem querer), tão menor do que eu esperava que você fosse. E é geralmente algo tão pequeno, que nem me incomodaria em outra situação, que seria tão irrelevante se fosse outra pessoa, se fosse outra relação. Porque com o resto do mundo eu sei lidar, no resto das minhas relações eu me adapto, eu harmonizo, eu equilibro. Com você não.

E mesmo que depois você conserte, que se desculpe, que perceba o seu erro sem que eu precise apontá-lo, mesmo que no fim a gente se acerte... eu inevitavelmente volto para aquele lugar de quem não sabe se vale a pena, de quem se desacostumou a ceder, a se adequar, a relevar. De quem sempre vai duvidar e repensar esse pseudo-relacionamento, por qualquer pedrinha no caminho. Volto, e é tão mais forte que eu, para aquele lugar (imaturo, eu sei) de quem não sabe mais brincar desse negócio. Pr’aquele nosso lugar comum de quem não namora, de quem não assume, não se envolve, não pula.

Você não pula e quem sou eu pra recriminar, se na maioria do tempo o seu medo legitima o meu, se a sua resistência é o meu alívio, se o seu controle é o nosso equilíbrio. Quem sou eu pra te cobrar quando a minha recusa em te assumir é do mesmo tamanho da sua, senão maior. Quem sou eu pra criticar a sua imaturidade emocional quando só sei resolver os problemas dos outros, quando sou tão justa, tão equilibrada, tão compreensiva e complacente em todos os outros setores da vida, menos nesse.

E por isso eu não cobro. Mas em dias como hoje eu quero me matar por não ser mais tão sozinha e independente como antes, por ter aberto a maldita da porta e agora... agora não sou só eu. Não sou só eu que preciso tomar o remédio, não é só da minha conta, não sou só eu, minha inflamação no colo do útero, minha vida e meus problemas. Tem você. Ela escreveu “namorado” na receita e pela primeira vez eu não disse “ele não é meu namorado”. Pela primeira vez (e talvez pela última) eu senti uma ligeira e passageira falta desse status.

E eu que não sei precisar, depender e dar satisfação, eu que não sei cobrar e pedir, eu que “aprendi a me virar sozinha e se eu to te dando linha é pra depois te abandonar”... fico aqui. Imaginando prováveis reações, atualizando a caixa de entrada do email pra ver se por acaso você se interessou, se você sequer se lembrou. E nada. Cantando “don’t let me down” e esperando que você ouça, em algum nível. E entenda, e aja da forma que eu queria que você agisse. Rezando pra que você enxergue nos meus olhos de gato de botas que isso tudo é tão difícil pra mim, torcendo pra que você queira tornar mais fácil, menos pesado.

E mesmo que você ligue pra dizer que se importa e se preocupa, como fez ontem, e mesmo que você fale e fale e fale... tem uma hora em que falar não é mais suficiente. Eu não sou sozinha quando quero ser e sou tão sozinha nessa hora, quando importa, quando tudo que eu queria era olhar pro lado e ver que você ta ali, voluntariamente, por escolha própria.

“Se você quiser e vier
pro que der e vier
Comigo.”


Eu não me canso de auto-discutir a nossa pseudo-relação. Aqui, na minha caixa de pandora, que você nunca saberá que existe.

terça-feira, dezembro 16, 2008

Pronome possessivo masculino, primeira pessoa do singular



Por hoje, só por hoje, eu vou me dar o direito de sentir toda a paz e todo o calor que eu quiser sentir. Só por hoje eu vou me permitir essa sensação plena de alívio e conforto, só por hoje eu vou deixar que a lembrança da minha cabeça no ombro dele me console e me dê calma. No dia de hoje, mas só por hoje, eu vou me permitir a fraqueza e a fragilidade de me sentir mais segura por tê-lo aqui comigo, por ter alguém.

Eu tenho alguém. Eu tenho alguém pra ligar a qualquer hora, pra falar de nada, pra falar de tudo, pra fazer propostas indecentes às 3 da tarde, pra matar aula do cursinho (as minhas), pra fazer matar aula da faculdade (as dele). Alguém que me chega de surpresa na segunda ou no domingo à noite, de mochila nas costas (“ah, umas roupas pra deixar aqui, só”) e diamante negro no bolso. Que sai com os amigos mais cedo na sexta pra dar tempo de me ver, que tenta de mil jeitos me convencer a não sair pro mercado pra ficar no sofá vendo o jogo, a não acordar cedo pra sair, e ficar na cama até meio dia. Eu tenho alguém que acha graça nas minhas pequenas crises de ciúme, no meu sotaque, nas minhas expressões, na minha mania por pipoca rosa. Eu tenho alguém que diz "mas porque é que você já tá se vestindo? espera aí!" quando eu saio do banho e já abro o guarda roupa, alguém que deita na minha cama e diz "vem aqui, minha morena". Minha morena, gente... minha morena me mata!...

Eu tenho alguém no meu sofá, na minha cama, na minha cabeça. Eu, que sempre gostei tanto do instituto da posse.

Eu hoje vou me aninhar no ombro dele sem medo do envolvimento, vou me despir sem vergonha, vou me envolver sem controle. Talvez hoje eu até confesse que gosto mesmo e muito dele. Sem me preocupar com o que ele pode pensar, sem medo dele correr pra longe.
Talvez hoje, só por hoje, eu...
Não, eu não vou usar essa palavra.

sexta-feira, dezembro 12, 2008

Scary and Damaged



Eu odeio os momentos em que me aparece esse medinho idiota de você correr, de você amarelar e sumir de novo. Porque eu sei que nesse ponto da nossa novela você inclusive gosta mais de mim do que eu de você, e você é, nos seus atos e jeitos e hábitos, tão mais disposto a se envolver que eu. Você dá mais passos que eu, você demarca mais território que eu (muuuito mais), você vem e chega tão mais que eu. Você se declara mais, elogia mais, se mostra mais. Você aparece de surpresa no bar em que eu tô bebendo com os amigos, e eu te acho tão mulherzinha por me aprontar uma dessa. Como diriam os meus amigos, você tem um inconsciente animus namorandi tão tão maior que o meu. E assim vai se envolvendo, e entrando na minha vida, na minha rotina, em mim. Se sentindo em casa na minha casa, passando o dia na minha cama. Dizendo “já sei, vamos passar o dia todo vendo Lost na cama e você nem precisa ir pra esse churrasco”. Será que você sabe o quanto eu nunca diria isso? A mala no canto do meu quarto, a escova de dente a mais no armário do banheiro, seu lado na cama, sua cerveja na geladeira, sua toalha, seu isqueiro, seu stash, seu canto no sofá. Seu lugar na minha vida, tão determinado já.

A minha lógica, a minha memória, a minha cabeça no seu ombro, o meu corpo que já se acostumou a dormir abraçado no seu, o meu ouvido que reconhece a sua voz e a minha pele que reconhece o seu toque, esse negócio de pensar em você e o telefone tocar, e principalmente, a certeza que eu tenho da reciprocidade disso tudo... essas coisas me garantem que você não foge mais. Essas e muitas outras, mais práticas até... a minha ligação com os seus amigos (que já é tão independente de você), a sua ligação com as minhas amigas, a intimidade e o laço que criamos entre todos. "Às vezes parece até que a gente deu um nó." Tudo isso me mostra que é tarde pra fuga e pra covardia, que já passamos dessa fase.

Mas o meu medo, os meus traumas, as minhas superstições, as queimaduras e cicatrizes que eu carrego e o conhecimento que tenho das suas (e dos seus medos e das suas covardias e traumas)... esses me fazem duvidar. Porque eu às vezes te vejo tão mais descrente e abatido e doente que eu. Como se fôssemos cachorros de rua que apanharam demais e ficaram ariscos, e não sabem aceitar carinho e cuidado. Mas eu, que conheço tão pouco os seus caminhos anteriores, não tenho como saber o quanto você apanhou e o quão traumatizado você ficou. E me pergunto o que aquela menina te fez pra que você tenha tanto medo de se perder e se entregar, o que ela te fez fazer da sua vida pra que você se controle tanto pra não gostar demais.

Na verdade eu reconheço que é bom mesmo que se tenha algum controle, eu sei que assim, se controlando e se policiando como você me afirma fazer, é que as coisas ficam mais equilibradas. Eu sei que se você me amarrar um pouquinho mais quem vai fugir e correr pra bem longe sou eu, mas... mas às vezes eu só queria entender. O que os meus meninos me fizeram (e não me fizeram) eu sei, os incêndios e atentados terroristas que sofri eu conheço bem, e sei exatamente em que medida eles me tornaram a pessoa “scary and damaged” que eu sou hoje. Mas eu não sei a que ponto você pode ir.


Da outra vez ia fazer 1 mês que estávamos juntos, quando você desapareceu. Dessa vez... fez 1 mês ontem. É, talvez seja só a minha superstição com datas...

quinta-feira, dezembro 04, 2008

Baby!!!

Hoje faz 1 ano.... hoje, dia 4 de dezembro, faz 1 ano que eu peguei aquele avião pra Miami, e a minha vida nunca mais foi a mesma.

Não sei se já comentei com você isso, mas até hoje eu não sei se fiz a coisa certa ao voltar.... Só sei que os 3 meses aí foram "the time of my life" MESMO, por tudo, por cada uma das experiências que eu tive, por cada dia de trabalho, cada velho que me xingou e que me achou linda, cada mexicano que me cantou, cada haitiano que quis me levar pra sair, cada large hot chocolate completado com café num copo extra large que eu fiz pra minha velhinha preferida. Valeu cada vez que a Bonnie minha xará (aquela velha feiosa) me fuzilou com os olhos e se recusou a ser atendida por mim, valeu o último dia de trabalho em que ela me tratou super bem, como se nada tivesse acontecido, valeu todas as vezes que o Bill falava “caraca, fala sério!” (era isso mesmo?), cada coolata, triple chocolate muffin, croissant com manteiga quentinho ou cheese, egg’n bacon que eu dividi com a sua mãe.

Se me perguntassem se eu voltava HOJE, pra carregar bandeja e checar toooodos os corredores do PGA por bandejas sujas na porta dos quartos às 11:30 da noite, pra acordar às 5 da manhã, pra usar gravata borboleta, to sweep and mop the floor.... eu voltava. Voltava se isso incluísse morar com a Fer e o Caio, se incluísse almoçar com você no restaurante do Gardens Mall (ou mesmo no Taco Bell), se incluísse o sol e as cores da Flórida (I know, I know, você nem gosta da Florida.... mas pra mim aquele lugar é tão mágico)

Quando peguei aquele avião eu não tinha nem idéia. Sabia que ia ser uma experiência nova, sabia que eu ia crescer, sabia que ia ser único. Mas não sabia que ia viver uma vida inteira em 3 meses, que ia conhecer ou me aproximar de pessoas que eu ia levar pra vida inteira, que eu ia mudar TUDO, pra sempre. Eu não tinha nem idéia...

Lembro de falar pra você do quanto aquilo era novo e louco pra mim também, do quanto não tava nos meus planos ter alguém, me relacionar com qualquer um... Quanto mais com o chefe! Mas aconteceu, né? E eu continuo achando que nunca mais vou viver uma coisa tão bonita e tão simples (e ao mesmo tempo tão complicada e tão inesperada) quanto o que a gente teve. Me pergunto às vezes se vou encontrar alguém tão disposto, tão confiável, tão fiel quanto você. Que virava a cara pras brasileiras super maquiadas e lindas por reconhecer que elas eram frescas e patricinhas, que me achava linda de boné do dunkin e suja de powdered sugar.

Mas nem é só isso, sabe. It’s not only about what we were as a couple, not only about what you were as a boyfriend. It’s about how I felt, it’s about…. The happiness I used to carry inside, all the time. Eu continuo achando que em inglês fica melhor (pra mim e pra você) às vezes.

Outro dia eu achei um email que te escrevi logo que cheguei no Brasil... eu te agradecia por ter sido o cara que você foi e por ter me feito a menina "bright and shiny" que eu fui. Hoje eu agradeço de novo, e dessa vez nem é só a você, mas a tudo. A Deus ou quem quer que seja que me deu a oportunidade, ao Caio que me deu a idéia, à mulher do consulado que me deu o visto, ao meu pai que bancou... todo mundo que teve alguma participação. A sua foi imensa, e você sabe disso.

Eu tenho um emprego razoável, um cursinho pra OAB que me deixa exausta ("the Bar Exam", como vocês chamam aí), um cara legal que gosta de mim no mesmo tanto que eu gosto dele, nenhum tempo livre, uma formatura pela frente, vestidos e sapatos pra comprar, festas pra organizar, uma família toda vindo me ver e comemorar comigo, daqui a 1 mês. Eu tenho amigos que são os melhores que eu podia desejar, tenho a minha casa, a minha liberdade, o meu quarto... I mean, eu tenho uma vida bem boa! Mas hoje, dentre todos os dias, é impossível não querer fugir de tudo e correr pra longe.

E longe é lá, e o país das maravilhas é aquela vida que eu tive por 3 meses, e... mesmo que não seja real, mesmo que não fosse perfeito como hoje eu enxergo, mesmo que tenha sido muito pouco tempo pra começar a ficar ruim... I will always hold very very tight to that world, and to all of my memories.
I hope you do it too.

Miss u, love u, care soooo much for you. Forever and ever.

Take care, remember me